Pelo segundo ano consecutivo, uma experiência implementada pela Assistência Social da Prefeitura de Parobé está levando os próprios usuários da Campanha do Agasalho a auxiliarem na confecção dos donativos. Desde o mês passado, vários grupos de mulheres, organizados com o apoio de entidades locais, realizam a costura de acolchoados, que depois são doados para famílias necessitadas do município.
Foi o que fazia na tarde da última terça-feira a dona de casa Jocélia de Ávila, moradora da Vila Feliz. Voluntária em ações no próprio bairro em que vive e também na Cáritas da Igreja Católica, ela contou que aprendeu a técnica de fazer acolchoados quando ainda morava em Palmeira das Missões, sua cidade natal.
Enquanto manejava a agulha com a ajuda de outras mulheres, revelou que nenhuma delas levaria para casa a peça que estava ficando pronta. “Se eu preciso, tem gente que precisa ainda mais”, definiu com desapego, explicando que se sente aflita nas noites de inverno, quando pensa naqueles que sofrem por não terem como se proteger dos extremos da estação.
Também voluntária da Cáritas, Rosália Pereira Velho, 57 anos, do bairro Nova Parobé, aprendeu o ofício da própria Assistência Social, quando participou do projeto em sua estreia, no ano passado. “O inverno está rigoroso, e tem gente passando frio”, opinou.
Usuária da Campanha do Agasalho, Vilma Correa da Rosa, do bairro Jardim, foi até a central de distribuição para pegar roupas e agasalhos. Mãe de dez filhos, dos quais oito menores de idade, assegurou que precisa desse tipo de auxílio, pois todo dinheiro que ganha serve apenas para comprar comida. “Eu ajudo porque também preciso de ajuda”, complementou Clarice Pereira Furtado, e 50 anos, moradora da Nova Guarujá, outra voluntária da iniciativa.
O trabalho começou em junho e irá se estender até o final deste mês. Conforme Nereide Abreu, da Casa do Artesão, que coordena o projeto, os materiais são fabricados a partir de roupas doadas pela comunidade, utilizando-se aquelas que estão rasgadas ou inutilizadas.
Enquanto algumas voluntárias retiram botões, fechos e costuras das peças, outras vão preenchendo e costurando os acolchoados, cujos panos são adquiridos pela Assistência Social. “Até o final da campanha, pretendemos fazer pelo menos umas vinte unidades”, projeta Nereide, acrescentando que a destinação leva em conta o grau de necessidade das famílias.
Para ela, é muito importante que a própria comunidade assistida se envolva na elaboração dos artigos de que precisa, em vez de só ficar esperando pela ajuda. “Para nós, também é importante, pois significa que não estamos sozinhos nesta empreitada”, acentuou a coordenadora.
Neste ano, a distribuição da Campanha do Agasalho está centralizada na igreja Voz de Alerta, na rua Rio Negro, próxima à antiga Calçados Simpatia, na área central de Parobé. É lá que também ocorre a confecção dos acolchoados, bem como o recebimento de donativos.
“Precisamos de muita roupa de inverno, principalmente para crianças”, ponderou Nereide Abreu, lembrando que as doações podem ser entregues igualmente na Secretaria de Assistência Social e na Casa do Artesão. Segundo ela, até o início desta semana, a campanha tinha recebido cerca de 1.200 peças de vestuário, das quais 630 já haviam sido distribuídas à comunidade, além de seis cobertas e 180 pares de calçados.