A cubana Teresa Cárdenas era uma criança que adorava ler, mas jamais se conformou com uma ausência nos livros que tinha à mão: nenhum deles tinha negros como protagonistas.
Já adulta, descobriu que havia um concurso para publicar romances e topou o desafio: em poucos dias, com a filha recém-nascida ocupando um dos braços, datilografou ‘Cartas para minha Mãe’, sobre uma menina negra vítima de discriminação racial.
Nesta quinta-feira (4), a escritora, que é uma das autoras de maior circulação em Cuba, participou do IX Encontro Literário da Escola Estadual de Ensino Médio Felipe Marx, em Taquara. Teresa conversou com estudantes do ensino médio sobre temas comuns aos dois países: o preconceito ao negro à e cultura afro.
— O racismo é um monstro — sintetizou.
Ela doou alguns exemplares de suas obras à biblioteca da escola Felipe Marx (inclusive algumas edições originais em espanhol). Ao fim de seu ciclo de palestras, realizadas nos três turnos do educandário, ela foi presenteada por bonecas confeccionadas por estudantes.
UM MANIFESTO LITERÁRIO CONTRA O PRECONCEITO
Atualmente, Teresa é uma das autoras de maior circulação em seu país, sendo uma das poucas que se dedica exclusivamente à criação literária. O reconhecimento veio com o Casa de las Américas, prêmio literário oferecido anualmente pela Casa de las Américas – organização fundada em Cuba em 1959 para promover o intercâmbio da cultura cubana com a de outros países da América Latina.
— Como no Brasil, uma mulher preta, solteira, mãe de três filhos, também sofre preconceitos em Cuba. Há discriminação, racismo e homofobia, tudo isso que compõe uma parte estranha do ser humano. Mesmo assim, a literatura me abriu portas, e seguir escrevendo é uma forma de combater esses males. Oferecer armas às pessoas com os livros — declarou Teresa aos estudantes do ensino médio que acompanharam sua palestra no ginásio.
Teresa diz que sua inspiração não vem de outros escritores. Seu processo criativo se vale do que vê no mundo que a cerca na ilha da América Central e suas idiossincrasias sócio-culturais, que, segundo ela, tem lá suas semelhanças com o Brasil e todo o resto dos países latino-americanos (particularmente nas questões do trato à cultura afro).
— Eu me inspiro nas pessoas que vejo.
Ela garante nunca ter sofrido qualquer repressão por algo que tenha escrito ou defendido.
— Sou livre em meu país e vivo do que escrevo — afirma.
A OBRA
Além de seus livros de maior vendagem, ‘Cartas para Minha Mãe’ (108 páginas, Pallas Editora) e ‘Cachorro Velho’ (Páginas 142, Pallas Editora), Teresa também é atriz e dançarina.
Um trecho de ‘Cachorro Velho’, que relata as lembranças de um ex-escravo já idoso.
“Um escravo era apenas um pedaço de carne malcheirosa e mais nada. Um negro era uma besta de carga, um bicho, um bruto, um ladrão, uma alimária, um saco de carvão… Apenas uma peça”
Ela é também autora de livros infantis, com as obras:
‘Cuentos de Macucupé’ (Prêmio La Edad de Oro) (2001)
‘Tatanene Cimarrón’ (2006)
‘Cuentos de Olofi’ (Prêmio Concurso Hermanos Loynaz) (2007)
‘Pedrito y el Bebé’ (2007)
‘Ikú’ (2007)
‘Barakikeño y el Pavo Real’ (2208)
‘Tatanene Cimarrón’ (2006)
‘Cuentos de Olofi’ (Prêmio Concurso Hermanos Loynaz) (2007)
‘Pedrito y el Bebé’ (2007)
‘Ikú’ (2007)
‘Barakikeño y el Pavo Real’ (2208)
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