Cubanos do Mais Médicos começaram a deixar os postos de trabalho na manhã desta terça-feira (20) no Vale do Paranhanha. Na quarta (16), Havana anunciou o fim da parceria com o Brasil devido a críticas do presidente eleito Jair Bolsonaro, o que deve resultar no retorno de 8.332 profissionais a Cuba.
A reportagem do portal TCA confirmou que a saída já ocorre em quatro das cinco cidades da região que eram assistidas pelo programa: Taquara, Parobé, Igrejinha e Três Coroas. Há casos de postos de saúde que estão, desde ontem, sem médicos.
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) comunicou, nesta quarta-feira (21), que os primeiros cinco voos com médicos cubanos, com destino a Havana, estão previstos para esta quinta-feira (22), sexta-feira (23) e sábado (24). A previsão é de que, até o dia 12 de dezembro, todos os mais de oito mil médicos estejam de volta ao país natal.
As prefeituras da região já estão se empenhadas para substituir o programa que desafogou a demanda por médicos, principalmente nos bairros mais desassistidos e localidades interioranas. Veja como fica a situação:
TAQUARA
Dezoito médicos estão cadastrados pelo programa em Taquara, sendo 13 cubanos, que já deixaram os postos.
— O impacto é terrível. Pesado para quem foi pego de surpresa. Boa parte da comunidade ficará desassistida em função disso. Esperamos que o edital lançado e os prazos estipulados sejam rigidamente respeitados para, então, termos a expectativa de até o dia 7 de dezembro termos a reposição desses profissionais. Estamos com alguns reforços no pronto-atendimento e estamos buscando alternativas para não comprometermos o serviço — avalia o secretário de Saúde do município, Vanderley Petry.
PAROBÉ
Parobé possui quatro médicos cubanos cadastros no Programa Mais Médicos. Atualmente, três deles não estão mais em atividade na cidade, enquanto outra irá casar e regularizar sua situação para continuar atendendo na cidade. Estes médicos atendiam nas Unidades Básicas de Saúde do Morro da Pedra, Santa Cristina do Pinhal e Central.
Em nota, a Prefeitura informou que para garantir atendimento, na manhã desta terça-feira (20) foram solicitadas 40 horas em atendimentos de médicos, com o custeio do município, sendo iniciado no momento em que for regularizada a situação dos profissionais.
O município também aguarda o envio de novos médicos brasileiros do Mais Médicos, porém são apenas 8 mil vagas para todo o território nacional. Sendo assim, a cidade corre o risco de não receber o mesmo número de médicos que tinha.
— Precisamos resolver essa situação com o que tem de verba — comenta secretária de Saúde e vice-prefeita Marizete Pinheiro.
TRÊS COROAS
Um profissional atuava pelo programa em Três Coroas, na localidade de Linha 28. Ele cumpriu seu último dia de trabalho nesta terça (21).
— Uma médica atuava no posto da Unidade Básica de Saúde (UBS) da localidade de Linha 28 há sete meses. Era a única médica no posto e estava bem integrada com a comunidade. Desde hoje, médicos que atuam no município estão revezando os turnos para manter o atendimento no local — explica o secretário de Saúde e Assistência Social, Luiz Stuart Campos.
ROLANTE
Rolante, no momento, estava sem profissionais atuando pelo programa.
— Estamos há quase dois anos sem médicos do programa no município. Tínhamos um profissional atuando no posto do bairro Rio Branco, mas ele saiu em março de 2017 e não foi substituído. É lamentável, pois outros municípios tiveram vários e nós ficamos sem nenhum. Estou em demanda com o Ministério da Saúde para tentar solucionar esse déficit no município — relata o secretário de Saúde e Meio Ambiente de Rolante, Lenoir Schönardie.
IGREJINHA
Seis profissionais atuavam pelo programa em Igrejinha, sendo três deles cubanos. Um já havia retornado a Cuba há três semanas – ele terminou missão –, outro interrompeu o trabalho nesta terça (20), no posto do bairro XV de Novembro e o terceiro cumpre seu último expediente na UBS do bairro Acácias nesta quarta (21).
— Eram profissionais bem integrados na comunidade. A Prefeitura está aguardando a reposição dos profissionais pelo edital lançado pelo Ministério da Saúde. Paralelo a isso, estamos remanejando os pacientes para que a medida do possível ninguém fique sem atendimento. É um momento bastante difícil, pois os municípios já estão sobrecarregados e não possuem recursos para arcar com mais estes custos — pondera a secretária de Saúde de Igrejinha, Simone Amaral.